A fonte parece ser uma matéria de César Felício e Raymundo Costa no jornal Valor Econômico, publicada na íntegra em diversos sites, como este. Segundo matéria de uma agência de notícias argentina, a resposta da CNBB foi rápida, e veio através de nota da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, a ela vinculada. Muitos sites brasileiros comentaram a nota, mas poucos ou nenhum a relacionaram com a suposta chantagem do planalto.
Matéria da revista Época, por exemplo, afirmou que o alvo da nota era o bispo de Guarulhos (SP), d. Luiz Gonzaga Bergonzini, que tem pregado o voto contrário à candidata petista. No dia 8, o Estado de S. Paulo publicou curiosa entrevista do assessor internacional da presidência da República, Marco Aurélio Garcia em que ele afirma "Neste governo, mais do que em qualquer outro, há liberdade de opinião, de imprensa e de convicção religiosa, que foi estritamente respeitada. E no governo da Dilma (Rousseff, candidata petista à Presidência) será respeitado da mesma maneira e, se puder, (a liberdade) será mais aprofundada ainda." A seguir reproduzimos trecho da matéria:
Ele acrescentou ainda que "qualquer tentativa de tentar descaracterizar esta posição do governo brasileiro tem um nome e se chama terrorismo e terrorismo é uma coisa grave, porque, entre outras coisas, fere os sentimentos religiosos, introduz no Brasil uma coisa que não temos que é a divisão entre as religiões", disse.Depois de acusar "alguns grupos" de "tentar manipular a religiosidade da sociedade brasileira para fins políticos eleitorais", classificando esta tentativa de uma ação "extremamente grave", Garcia lembrou que esta divisão entre religiões existe em outras partes do mundo, mas não no Brasil.
"E ela pode levar a fenômenos gravíssimos de separação da sociedade e isto não existe no Brasil, nunca existiu e a sociedade não vai permitir que exista", afirmou o assessor, acentuando que isto está dito no manifesto dos partidos coligados ao governo e à candidatura Dilma publicado ontem.
Garcia, que também trabalha como um dos coordenadores da campanha de Dilma, negou que o governo esteja enfrentando problemas com a Igreja. "Não há preocupação", declarou.
"A única coisa que nós não toleramos, e aí não somos nós, governo, mas a sociedade não tolera, é uma campanha de mentiras, insídias, de manipulação, para fins eleitorais, seja por parte de pessoas que se escondem atrás da religiosidade - e eu sei qual é a religião destas pessoas, é a má religião, não é a boa -, seja por parte de pessoas que não tem religião nenhuma. Não é boa prática democrática no País que se lance mão deste tipo de questões", avisou.
Acordo com Vaticano
Marco Aurélio negou também que o Brasil possa reformular o acordo internacional do governo brasileiro com o Vaticano, por causa dos ataques da igreja católica ao Planalto ou a Dilma. "Não acredito que o Gilberto Carvalho tenha dito isso", declarou ele, afirmando ainda que, embora "todos estes acordos internacionais tenham cláusula de renúncia, quero deixar uma coisa clara: este assunto não está sendo cogitado no governo e, se tivesse, certamente eu teria alguma informação".
O assessor de Lula elogiou ainda a nota da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de hoje. "Eu espero que ela tenha consequências práticas, que a ideia de que tenhamos um Estado laico seja preservada por aqueles que criticam tanto o Estado teocrático. Deveriam se empenhar nesta direção e que se reconheça que neste governo, mais do que em qualquer outro, há liberdade de opinião, de imprensa e de convicção religiosa foi estritamente respeitada", reiterou.
Marco Aurélio insistiu que o objetivo da oposição é tirar do centro da discussão a questão essencial, que é o confronto de dois projetos, dos governos anteriores e do atual. "Temos de confrontar os dois projetos que a sociedade brasileira conhece. Já se viveu oito anos de governo Fernando Henrique e mais quatro de governo Serra (José Serra, presidenciável tucano) em São Paulo. E agora, temos oito anos de governo Lula. Então a sociedade vai medir completamente a sinceridade disso", afirmou.